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Gráfico Individual de Itinerário Terapêutico (GRITE)

RELATO DE EXPERIÊNCIA EM ATENÇÃO DOMICILIAR

“Gráfico Individual de Itinerário Terapêutico (GRITE), um instrumento de otimização gerencial para a gestão do cuidado em Assistência Domiciliar”

 

1. Instituição proponente: Fundação de Saúde de Angra dos Reis – FuSAR

 

  • Endereço: Rua Almirante Machado Portela, nº 85,Jardim Balneário CEP: 23906.190
  • Município/Estado: Angra dos Reis / RJ
  • CNPJ: 07.167.247/0001-46

 

2. Autor (es): Alexandre Nascimento Lisboa, Renata de Andrade Muniz e Eduardo Barbosa Sampaio

3. Contato: Superintendência de Atenção Básica

 

  • Telefone: (24) 33773265
  • E-mail de contato: fusar.melhoremcasa@angra.rj.gov.br
  • Eixo: Gestão
  • Tema Principal: Otimização do Prontuário Domiciliar

 

6. Título do Trabalho: “Gráfico Individual de Itinerário Terapêutico (GRITE), um instrumento de otimização gerencial para a gestão do cuidado em Assistência Domiciliar”

7. Resumo estruturado – enviar em anexo, segundo descrição abaixo, em texto de no máximo três laudas (90 linhas)

 

GRITE

 

Em outubro de 2011 o médico Alexandre Nascimento Lisboa solicitou a sua gerência que sua carga horária fosse direcionada de forma integral para a assistência domiciliar.A clientela sugerida foi a de pacientes acamados ou restritos ao domicílio cujas residências estivessem localizadas ou em áreas sem cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF) ou naquelas cuja unidade responsável estivesse carente do profissional médico por um período superior a 90 dias.Assim, no período compreendido de 07/10/11 a 26/09/12 cerca de 60 pacientes foram acompanhados em seus domicílios.

No seguimento do serviço, durante as revisitas , surgiu a percepção de que alguns pacientes apresentavam mais intercorrências do que outros, além de que, em vários casos, percebia-se alguns equívocos no direcionamento dos pacientes para unidades de urgência/emergência do município.Isso parecia configurar uma inadequação no cumprimento dos protocolos de fluxo da rede assistencial.

Dessa forma começou-se a ser desenhada a necessidade de se acompanhar de uma forma mais adequada a trajetoria de saúde desta clientela através da análise das principais intercorrências apresentadas.Tal avaliação se processou inicialmente através do cruzamento de dados como sendo a demanda recebida tida como “urgente” versus a interpretação do evento em si.Assim, o itinerário terapêutico passou a ser encarado naquele momento como sendo um importante instrumento para a gestão do cuidado.

De fato, um estudo nacional de 2009 (e publicado em 2011) descreveu, a partir de relevante revisão, o estado da arte da produção científica desenvolvida no Brasil nos 20 anos anteriores a respeito da trajetória de indivíduos a procura de saúde.Nesse mesmo estudo, Cabral et al afirmam que ” o conhecimento sobre os itinerários de pessoas em busca de atenção à saúde pode contribuir para a compreensão sobre o comportamento em relação ao cuidado e utilização dos serviços de saúde”.

Em outro estudo, de 2005, Scholze analisa os riscos potenciais à saúde em famílias com pessoas sob cuidados domiciliários observados por agentes comunitários de saúde (ACs) e obtém como resultados a informação de que itinerários de cura e cuidado são determinados pelas limitações no acesso a serviços formais de saúde, além de redefinir a necessidade de estimular a autonomia e o auto-cuidado dos pacientes e enfatizar a importância da prevenção sob riscos potenciais nas trajetórias mesmo que não incluam o sistema de saúde formal.

Mais recentemente, durante a leitura da proposta de formalização e institucionalização da Atenção Domiciliar através dos SAD e do Programa Melhor em Casa, percebeu-se que poderia ser valiosa a criação de um instrumento de apoio a gestão que estivesse disponível no prontuário domiciliar e que desse visibilidade à trajetoria de saúde dos pacientes que fossem assistidos pelas equipes do Melhor em Casa (EMADs e EMAP).

Dessa maneira decidiu-se propor a criação do Gráfico Individual de Itinerário terapêutico – GRITE.

O mesmo tem a pretensão de servir de ferramenta de apoio a gestão do cuidado através da otimização gerencial com a utilização de recurso visual disponibilizado no prontuário domiciliar.

Esse gráfico deve conter os lançamentos positivos e negativos do itinerário (com o uso de símbolos lançados acima e abaixo da linha de base,respectivamente) através de recurso visual que demonstre os movimentos da trajetória percorrida pelo paciente assistido pelo SAD e que devem estar em concordância com os registros da evolução do prontuário.

Dessa forma o dispositivo passa a dar destaque às intercorrências e novos agravos apresentados que podem servir de alerta para uma provável redefinição do plano de cuidado do paciente, assim como fornece visibilidade aos aspectos de melhora quando, por exemplo, o paciente cuidado é transferido da modalidade AD2 para a modalidade AD1 ou alta definitiva.

Pode também o GRITE demonstrar vulnerabilidades da rede de assistência, através da verificação de possíveis equívocos ocorridos em encaminhamentos inadequados, além de fornecer dados que podem servir de indicadores específicos da Atenção Domiciliar

Ainda analisando o estudo de Cabral et al, a avaliação do itinerário terapêutico pode permitir a análise do perfil antropológico da população dos pacientes assistidos em domicílio.

Revendo a literatura a respeito do uso do itinerário terapêutico como instrumento de gestão em saúde não se verificam muitos estudos nessa área, por isso considera-se o GRITE uma ferramenta inovadora principalmente por tratar-se de recurso tecnológico que, embora simples, pode auxiliar de forma relevante a gestão na Atenção Domiciliar.

 

GRÁFICO INDIVIDUAL DE INTINERÁRIO TERAPÊUTICO (GRITE)

GRITE

Exemplo: J.P.C, masc. 47 anos, pedreiro. Sofreu politraumastismo após acidente automobilístico em 12/01/13 apresentando fratura de úmero D e bacia + trauma torácico. Foi submetido à Traqueostomia (TQT).O paciente foi encaminhado para o programa Melhor em Casa em 30/01/13 sendo inserido na modalidade AD2. Em 28/05/13 foi encaminhado ao Hospital Municipal da Japuíba para desbridamento cirúrgico de escara sacral permanecendo internado por 48 horas. Em 15/06/13 apresentou quadro febril + ITU, tendo sido levado a UPA onde foi medicado e liberado no mesmo dia. Em 20/07/13 foi reinternado no Hospital Municipal da Japuíba com quadro de pneumonia bacteriana, permanecendo internado por 72 horas. Evoluiu, a partir daí, satisfatoriamente apresentando cicatrização completa da TQT, deambulação com auxílio e alimentação espontânea. Foi então referenciado em 10/11/13 para AD1 passando a ser assistido pela ESF próxima a sua residência.

 

 

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