APSREDES

Triagem de risco nutricional

Laboratório de Inovação em Atenção Domiciliar
Instituição proponente: Hospital Nossa Senhora da Conceição – Grupo Hospitalar Conceição
Endereço: Av. Francisco Trein, 596
Município/Estado: Porto Alegre/RS
CNPJ: 92.787.118/0001-20
Autor (es): Karine Zortéa, Sati J. Mahmud, Adriana Moog, Anita L. Leitão, Cristina O. Cecconi, Diani O. Machado, Dirce R. P. Nunes, Edimara P. L. Fontes, Gislaine S. Jardim, Guilherme E. Brunning, Inara L. Gornidki, Igor Padova, Jeronima S. Arnoud, Jesaías G. Rosa, Luis Eduardo R. Moraes, Mateus C. Becker, Mauro B. Kalil, Nilson S. Venturini, Patricia Pilatti, Patricia T. Alievi, Rosane P. Coelho, Verlaine B. Lagni, Vivian D. Souza
Contato:
Telefone: 51 33572443/ 51 33572770
E-mail de contato: karinezortea@ghc.com.br
Eixo I – Gestão da Atenção Domiciliar
Tema Principal: Protocolos assistenciais para a Atenção Domiciliar
Título do Trabalho: Triagem de risco nutricional em pacientes atendidos por um Programa de Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde
Período em que foi desenvolvida: 01/2012 – 02/2013
A Atenção Domiciliar é um modelo de atenção em saúde que tem se tornado cada vez mais importante para o processo de desospitalização e promoção de saúde dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Objetiva-se acelerar o processo de alta hospitalar e manter cuidados contínuos em domicílio para pacientes elegíveis. Este processo visa à redução de intercorrências clínicas, do risco de infecções hospitalares, além de oferecer suporte emocional para pessoas em estado grave ou terminal e instituir o papel do cuidador. É uma forma de cuidado centrado na autonomia da pessoa, que resgata as habilidades em seu próprio domicílio.
Sabe-se que o tempo de permanência hospitalar aumenta o risco de infecção e de desnutrição de pacientes hospitalizados, gerando um pior prognóstico. Muitas vezes, o paciente recebe alta hospitalar com perda de peso importante e são altas as prevalências de desnutrição. Portanto, a identificação do risco nutricional no momento da internação domiciliar é fundamental para que não haja comprometimento no tratamento.
O Programa de Atenção Domiciliar (PAD) do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) é um serviço do Sistema Único de Saúde (SUS) com experiência consolidada nesta linha de cuidado desde 2004. O PAD viabiliza o atendimento a domicílio de pacientes após a alta hospitalar por equipe multidisciplinar, contando com a presença de nutricionista desde dezembro de 2011. O nutricionista inserido na atenção domiciliar atua através de apoio matricial para as equipes ou assistência clínica individual aos pacientes. As atribuições do nutricionista do PAD incluem a triagem nutricional, acompanhamento de pacientes com dieta enteral e orientações para pacientes com doenças crônicas e intercorrências clínicas indicadas pela equipe.
Os pacientes adultos acompanhados pelo PAD são triados quanto ao risco nutricional através da aplicação da ferramenta Malnutrition Screening Toll (MUST) na primeira visita realizada pelas equipes. Qualquer profissional da saúde pode aplicar o MUST, por ser uma ferramenta simples e rápida, recomendada para a área clínica e de saúde pública.
A triagem ou rastreamento nutricional é o procedimento que busca identificar indivíduos desnutridos ou em risco de desnutrição para determinar se avaliação nutricional mais detalhada faz-se necessária. A combinação de estado nutricional atual e da gravidade da doença é utilizada na avaliação do risco nutricional, sendo o índice de massa corporal (IMC), a perda de peso recente e a ingestão alimentar durante a última semana antes da admissão hospitalar os questionamentos frequentemente realizados na avaliação do estado nutricional atual.
O MUST considera três itens: perda de peso não intencional nos últimos 3-6 meses; IMC; e efeito agudo da doença sob a ingestão alimentar. Para a realização da triagem nutricional a partir do MUST devem ser seguidos cinco passos:
1. Aferição da altura e do peso corporal para estimativa do IMC. Caso não seja possível, outras medidas antropométricas (antebraço, altura do joelho, semi-envergadura e circunferência do braço) e critérios subjetivos alternativos podem ser utilizados.
2. Avaliação de perda de peso recente e não intencional.
3. Estimativa do efeito agudo da doença.
4. Soma da pontuação obtida para os questionamentos dos passos 1-3 para obter o escore final de risco nutricional (0 = baixo risco, 1 = médio risco, 2= alto risco nutricional).
5. Desenvolvimento do plano de tratamento nutricional de acordo com a categoria de risco (0 = cuidados de rotina, 1 = observar, 2 = tratar).
No ambiente hospitalar o MUST elevado pode predizer maior tempo de internação, enquanto que na comunidade está associado a maiores taxas de admissão
hospitalar e necessidade de visitas domiciliares da equipe de saúde com maior frequência. De Janeiro de 2012 a fevereiro de 2013, o PAD atendeu 436 pacientes, sendo a maioria mulheres (n=240). Neste período foram triados 217 pacientes com idade média de 64,46±16,48 anos, 87,15% (n=380) apresentaram ingestão alimentar via oral e 12,84% via enteral (41 pacientes estavam em uso de sonda naso-enteral, 12 em gastrostomia e 3 em jejunostomia). Segundo o MUST, 43,7% dos pacientes estavam em alto risco nutricional, 19,1% em risco médio. A perda de peso média nos últimos meses foi de 7,17±9,17%.
As principais patologias e intercorrências que necessitaram de intervenção nutricional foram diabetes, hipertensão arterial, inapetência, disfagia e constipação, nos pacientes com alimentação por via oral. Já nos pacientes em uso de dieta enteral, a maior demanda envolveu orientações de administração da dieta, higienização adequada de frascos e equipos, e presença de diarreia.
Tendo em vista a magnitude do impacto exercido pelo estado nutricional dos pacientes na morbi-mortalidade, a identificação daqueles em risco ou comprometimento que impeça a ingestão adequada de alimentos é fundamental para que seu estado não dificulte o tratamento. Concluímos que o perfil dos pacientes atendidos pelo PAD apresenta elevada vulnerabilidade de risco nutricional, sendo necessária a intervenção adequada para que haja melhora no prognóstico.
Neste contexto, a ferramenta MUST apresenta validade satisfatória, questionamentos relevantes e boa reprodutibilidade entre os profissionais de saúde, além de ser uma ferramenta de triagem nutricional de rápida e fácil aplicabilidade. A triagem nutricional precoce otimiza a identificação do risco e possibilita o acionamento do nutricionista para uma avaliação mais completa, que possibilite a intervenção precoce e minimize os efeitos da desnutrição, auxiliando na adesão ao tratamento e melhora clínica do paciente.
Triagem de risco nutricional
1. Qual o seu peso? _______
2. Qual a sua altura? ______
3. Você perdeu peso nos últimos 3-6 meses? ______
4. Quanto peso você perdeu nos últimos 3-6 meses?______
5. Como está o seu consumo alimentar?
( ) normal
( ) estou comendo mais da metade do que costumava comer
( ) estou comendo menos da metade do que costumava comer
( ) não estou comendo praticamente nada
( )VO ( )SNE ( )Jejunostomia ( )Gastrostomia
1. IMC: _____________
0 = IMC >20 kg/m²
1 = IMC 18,5-20 kg/m²
2 = IMC < 18,5 kg/m²
2. Perda ponderal:
0 = < 5%
1 = 5 a 10%
2 = > 10%
3. Consumo alimentar alterado
0 = come mais da metade
1 = come menos da metade
2 = ausência de ingestão alimentar
( ) 0 = baixo risco
( ) 1 = médio risco
( ) 2 = alto risco

Esta gostando do conteúdo? Compartilhe